Em tempos,
escrevia para desabafar,
para retirar de mim uma dor
um pânico..
Hoje, que essa dor partiu,
apenas ficou um vazio,
um espaço sem nada
que nada o preenche.
O tempo levou um sentimento,
com ele levou também a força do acreditar
do crer voltar a amar.
Neste vazio nada mais há-de entrar
nada há-de ocupar este lugar,
que era teu,
que conquistas-te e jogas-te
Hoje,
neste vazio gelado,
já não há quem entre,
não há quem deixe entrar.
Fujo de quem bate há porta.
Aquela que tu trancaste antes de partir.
Aquela que fechas-te e abalas-te
Agora que voltas-te
não sabes da única chave,
não há forma de entrares,
não há forma de eu voltar a amar,
nem a ti, nem a ninguém,
eu não parti,
sempre estive por aqui,
tu foste e vieste,
mas na viagem o vazio aumentou
cresceu sem medida
tornando-se tão grande,
que nem mesmo um grande amor
o nosso grande amor
o consegue preencher
o consegue vencer.
Fui vencido pelo tempo,
pelo sentimento de vazio
sábado, 25 de setembro de 2010
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